Taiobeiras, quem a conheceu ainda
te reconhece!
Uma cidade de um breve outrora
Visto que é muito jovem, e sempre foi
orgulho
Pra quem nela nasceu, morou ou ainda
mora
Quem nela viveu, conviveu, ou
simplesmente a viu
Jamais a esquece, mesmo quem dali um dia
partiu.
Apesar de sua mudança plástica, sua
essência continua
Seu retrato é digno de quadro de moldura
Nas praças, Avenidas ou em uma
determinada rua
Que ainda mantem fiel sua pintura e
arquitetura
Misturando-se arquitetura moderna e
singela
Em traços e cores, de uma verdadeira
aquarela
Mas, e se o tempo.... esqueça-o por um
momento
E aprecie-a da sua janela, o quanto és
bela.
Alguns valores com o tempo mudaram ou se
sucumbiram,
Mas os ideais dos valorosos homens que a
construíram
Ainda se mantiveram e são premissas,
preceito
“Praqueles” que querem manter sua
história
Sua tradição seu nome, de uma cidade de
respeito.
Ainda guarda o ar puro de cidade das
praças pra passear
Das árvores, cheias de pardais,
andorinhas e pássaros
Exibindo seu cantar antes do novo dia
descortinar
Árvores que cresceram junto com ela
registrando sua história
Das grandes palmeiras, como que
protegendo a Igreja Matriz
Pra saciar a sede, de meninos e
“passarim” já teve até chafariz
Palmeiras que sempre nos pareceu
grandes, hoje imponentes
Mas que já tiveram sua infância, já
foram criança, dependentes
E cresceram junto com sua progenitora,
sempre perfiladas
Em posição militar, abrindo alas, pra
admirador passar.
Taiobeiras, quem a conheceu ainda
te reconhece!
A vila formosa que formosura...
Os muros de adobe, as velhas casas
E os frondosos pés de jaca, tiveram que
o pé arredar
Deram licença pra grande Avenida
passar...
Avenida Caiçara, que começou mocinha
Agora é adulta tem até faixa pra
pedestre atravessar
Das casas de platibandas, aos prédios
comerciais
E que hoje, seu vai e vem não para mais
Com ela cruza São João, Santos Dumont e
outras mais.
Rua Rio Pardo, com seu prédio de adobe quase
centenário
Deu lugar à casas modernas, desenhando um
novo cenário
Hoje, num braço dela, os carros só podem
descer
Mas já subiram e desceram muitos
carros
Os de boi, já encostavam antes do amanhecer
Um dia subiram, e não mais vieram a
descer
Até seu canto, gravado na história,
emudecer.
Descia trazendo lenha e candombá
Pras donas de casa, que cedinho
Antes do sol brilhar, já estavam lá
As biscoiteiras, escolhendo as melhores
lenhas
Pra na hora dos fornos cheios, o fogo
não acanhar
E o brasil vermelho não acinzentar,
antes da lida terminar.
A contorno a envolve, com seu longo
abraço dobrado...
Mas de todos os seus caminhos, ruas e
carreiro
O mais comprido, e talvez fosse até o primeiro...
Rua Bom Jardim, cruzando a cidade de
ponta a ponta
Como um longo risco de avião em seu vôo
de cruzeiro
Riscando com seu traço retilíneo de
nordeste a sudoeste
É caminho longo a se percorrer, sobretudo
pra pedestre
A rua mais esticada da cidade, e que
leva em seu nome...
O distrito que se tornaria cidade, e que
por essas beiras
O povo todo a conhecia, por Bom Jardim das
taiobeiras.
Rua Francisco Sá, não tão comprida, mas
fora dividida
Hoje sua metade, é referenciada às
famílias Pereiras
Pessoas que já se foram, outras são
filhos das primeiras
Moradores ilustres: Seu "Manim" Dona Betí,
Esta última, mesmo estando também
ausente
Tem uma escola com seu nome, e se faz
presente
Dedicou parte de sua vida, educando essa
gente.
Seu "Manim" um dos primeiros comerciantes da cidade
Que ali morou, mas comercializava na
Avenida Liberdade
Seu bar, ponto muito conhecido e
frequentado
Pra quem fosse viajar, ou na cidade
tivesse chegado
Ponto de ônibus, do inesquecível sonho
recheado
Um apaziguador, não por ser Juiz de Paz
Mas por ser também, um homem do bem.
Machado preguiçoso, com corte sem confiança
Que fazia o lenhador escorrer suor na face sofrida
Levava-se no Sr. "Catão", que assoprando o fole
Da velha fornalha inscandescente, acelerando as brasas
Fazia ferro duro amolecer, como rapadura derretida.
Primeiro amarelava, depois avermelhava até azular
Batendo na bigorna até o seu corte afinar
Machado amolado, nao amola mais a lida
agora num golpe só, faz angico e aroeira rachar.
Taiobeiras, quem a conheceu ainda
te reconhece!
Avenida da Liberdade, que passaram
muitos pneus
De bicicletas, aos milhares, velozes
subia e descia
No dia de corridas sempre incentivadas por Amadeus
Os sexagenários paralelepípedos, já
acinzentados
Ciclistas suados, em seu ritmo frenético
e acelerados
Tornavam os primeiros de maio mais
animados
As marcas das freadas, nela já não mais
estão
Foram apagadas pelas águas das chuvas de
verão
Que tantas vezes lavaram as pedras do
seu chão
Avenida que num passado distante, fora
chão de terra
Não chão desnudo de tudo, mas cheio de
bananeiras
Terra boa, chão de muitas taiobas, chão
de Taiobeiras.
Hoje passam muitos pneus até de carro
importado
Mas quando passam sobre eles os mesmos
passos
Agora já lentos, de quem um dia os pisou
apressado
Ainda que devagar, descompassado, esse
passo....
Será lembrado visto que foi alí um dia
registrado.
A Praça 13 de maio hoje espaço de disputas judiciais
Fica próximo do espaço que antes, nas tardes
de domingo
Se disputava pra ver entre dois rivais, quem
jogava mais
Palco das muitas partidas e decisões
acirradas
MINAS e ATE, no empoeirado, mas sempre
lotado
Estádio 13 de maio, por torcidas unidas e
animadas.
Time do MINAS (SHELL)
ATE... time dos três irmãos: Neguim, Demi e
Nen Pilão
E os cândidos também irmãos: Dé, Dinei e
Zitão
Time do JK
Hoje estaciona-se carro de Promotor e de
Juiz, do Fórum
Antes era estacionamento do bandeirinha,
do zagueiro
De outro juiz, mas o de bermuda e também
do goleiro.
Praça Tiradentes, que por longo período
fora de terra...
Sempre com os ventos assoprando areia,
um espaço vazio
Os redemoinhos aspiravam sua terra, em
forma de funil
Fazendo uma revoada de folhas secas,
plástico e papelão
Nuvem cinza, indo rumo à grande garganta
do “Tocão”.
Se lembram bem, as crianças e seus
moradores
Onde vinham os circos, com seus chinpanzés
adestrados
Com seus palcos, palhaços e audazes trapezistas
voadores
Hoje tem palco suspenso, projeto com ar
de modernidade
Suas muralhas de concreto, uma obra de
destaque da cidade.
O extenso e longe campo de avião, de
terra batida
Que serviu por muito tempo de pista pra
corrida
Pra avião correr ligeiro e alçar vôo em
sua partida
Ou pras corridas à tarde ou de manhã
cedo
Virou rua pavimentada, virou Rua São
Pedro
E não tem mais o Sr. “Catulino”,
guardião de avião
Era só os curiosos meninos encostarem, logo
ele vinha “raiar”
Que era perigoso, e menino não podia
encostar.
Taiobeiras, quem a conheceu ainda
te reconhece!
Pros de fora, pra dormirem e apreciarem
uma comida boa
Hotel Lobo, hotel Neide, hotel Saraiva,
hotel Lisboa...
Hotel Taiobeiras, hotel Mickey, Dalas
hotel, hotel Brasília
Por serem muitos, dava pra hospedar toda
a família.
Vendas, pensão, restaurantes e lojas
Loja de departamento...
Não é novidade de hoje, visto que já
existia naquele tempo
Pra comprar rádio, relógio, bicicleta,
televisão, cama, colchão...
Engenho, guarda roupa, pedra de anil,
arame, e até funil
Tecidos, dedal, linha pra pescar, bordar
e pra costurar
Perfume, lenços de bolso, bobis e lenços
floridos...
Pentes e miscos, pras mulheres seus
cabelos enfeitar.
O indispensável, costumeiro e corriqueiro,
jogo de lavar
Duas
bacias de rosto, e um jarro branco esmaltado
Pra
moça que ia casar, compor e formar a sala de estar
Talheres
e pratarias pro enxoval completar
E ir pra casa com a
certeza de nada faltar.
Tomava-se
uma, enquanto o fumo era esfarelado
Com
dedo calejado, a palha esfregada e amaciada
Inteirava-se
dos assuntos de política acirrada
O
preço da semente de capim da próxima invernada
E
até o preço da arroba de gado e do capado.
Na loja de Seu “Tezinho”, de tudo quanto
havia,
Era só procurar, urna funerária ninguém
queria,
Mas se a hora infortuna chegasse, lá se
compraria.
Taiobeiras, quem a conheceu ainda
te reconhece!
A Igreja Matriz, ainda permanece majestosa,
ano após ano
Na praça que leva seu nome, vigiada pela
imóvel...
Padre muito respeitado, venerado e
reverenciado
Postumamente..., mas para sempre,
lembrado
Por todos aqueles que o conheceram
E
o tem como mártir religioso, fervoroso
E da sua fé e devoção, não esqueceram.
Igreja Matriz...
Palco de casamento, de realização de
sonhos
Da expressão da fé, expressão da emoção
As faces suadas dos expectadores, na
aglomeração
Para assistir ao grande teatro da vida
real
Imperdível Paixão de Cristo, nas sextas
feiras da Paixão
Soldados empunhando suas espadas afiadas
Derramando um líquido vermelho, a seiva
da vida
Em uma face ferida, mostrando uma saga
sofrida
Cujo personagem sofrido... Jesus Cristo
Protagonizado com muito fervor e devoção
Por Nen Pilão Causando a todos, muita
comoção.
Num tempo sem rede social e grupos virtuais
Os jovens se comunicavam e estavam sempre
atuais
Passando convivência e mensagens de paz
e amor
O até então, distante Santos Cruzeiros,
com sua estradinha
Que tinha seu ponto de partida, a partir
duma igrejinha
A Igrejinha de Nossa Senhora, em seu estilo
octogonal,
Para trazer proteção, São Sebastião
Que da cidade, é padroeiro e protetor
E pras dores, pros males do dia a dia
Aí é com o Doutor, Recorrem a outro santo...
Santo Antônio, que os males alivia.
Através do hospital que leva o nome de
santo
Aliviando os males de crianças, jovens e
melhor idade
Iniciou miúdo, apequenado e hoje está
todo estruturado
Josés ?..... A cidade tem por demais
O Santo Antônio, teve dois em sua
história
Estiveram sempre lá, em toda sua
trajetória
Um é doutor e foi entre seus fundadores,
o precursor,
Filho ilustre Taiobeirense, Dr. José, um
respeitado Doutor.
Muitos outros filhos, ajudou a vir ao
mundo,
Sem imagem de ultrassom, pra saber qual
roupa comprar
Só depois dos tapinhas na bunda, pra
confirmar
Vendo a luz pela primeira vez, dele sempre
hão de lembrar.
E os primeiros arranhões dessas crianças
levadas
Foram por tantas vezes lavadas e tratadas...
Por outro José, Sr. José Lauro, senão o
primeiro...
Mas o pioneiro, um sempre solícito, e
muito respeitado
Ilustre cidadão e sempre um enfermeiro
muito dedicado.
Taiobeiras, quem a conheceu ainda
te reconhece!
Das mãos artesãs, cheias de dons,
Mãos abençoadas, muitas vezes calejadas
Criando arte, arte rústica, de vida
bucólica e urbana
Retratando gente simples, em sua vida
cotidiana
O barro cru da terra, após amassado, é
transformado
João Alves, D. Maria entre outros
mestres dessa profissão
Que deixa um legado, a arte, em nome de
uma tradição.
Dos potes de barro aos retratos da vida
Feições de personagens retratados em sua
lida
Tradição e religiosidade impressos com
muita fidelidade
Levando à outras fronteiras, a arte
desta cidade.
Tempos atrás...
Sela boa, era oficio do mestre “Sr.
Joás”
Ternos de brim, risca de giz, ou do
tecido que quiser
Sr. Valdemar e o Sr. Zé Caitité, menos
roupa pra mulher
Mas pra homem sim, com muita maestria
Para uma grande freguesia.
E descendo a mesma Avenida, mais um
pouquinho
Encontrava-se a sortida loja do Sr. “Bilinho”...
Donde se retirava da caixa, um chapéu
“Prada” novinho
Com uma das abas ligeiramente dobrada
Num galanteador cumprimento à namorada.
As moças além do magistério que tinham que cursar
Tinham que saber outra casa arrumar
Arrematar em zigue-zague, as casas, não
o lar
Mas casinhas pequenas pros botões não pular
O curso ministrado por D. “Nenem”, corte
e costura
Era curso obrigatório, sempre junto, ou
após a formatura.
Sapatos pra reformar ou costurar, tinha onde levar
Sr. "Calura" e Sr. Wilson, distintos e "afamados" sapateiros
Mestres que "coseram" por muitos janeiros .
Hoje só ficaram suas lembranças...
Um partiu primeiro, o segundo por derradeiro
Após muitos anos e janeiros do primeiro
Mas ficaram as lembranças das crianças...
Adultos de hoje, mas ainda se lembram do que viu
Os mestres de um ofício, que por muito tempo existiu.
Outro ofício distinto...., entre outros
mestres:
O Sr. Andes, “Julim” e o Sr. Filintro
Transformando as moças e rapazes
acanhados
Sempre agraciados e agradecidos pelos
clientes
Pelos até então, sorrisos estreitos ou ausentes
Agora sorrisos largos demorados e
estridentes.
Agora
dentes brancos, sorrisos confiantes
Tal
qual teclas branco-porcelana brilhantes
De
piano clássico, “dó ré mi fá sol lá si”
Lábios
alegres que agora facilmente sorrir.
Taiobeiras, quem a conheceu ainda
te reconhece!
Do colégio, onde professoras dedicadas e
vocacionadas
Sempre ensinavam, pra se aprender ler
direito a leitura
Hoje se tornou casa grande, casa de
entra e sai
Das atuais escolas, ainda perdura as que
vieram primeiro
Grupo da Barragem e Deputado Chaves
Ribeiro
Do Grupo de Ferro, aproveitou-se o seu
telheiro
Hoje, a cidade conta com outras cinco
mais:
Dona Betí, Dona Preta, Oswaldo Lucas
Mendes
Tancredo Neves e Dr. José Americano Mendes
Além das particulares, pré-escolas e municipais
Ah! Agora curso superior...
Não precisa ir pra fora pra virar doutor
Os polos das faculdades, diminuiu as
dificuldades.
Nas páginas da história, de assuntos de
escola....
Onde tecnologia, não se tinha, ou ainda
era precária
Ficaram impressas nas páginas das
lembranças
A gentileza e dedicação de uma bibliotecária
Dos tempos sem Internet, sem Ctrl C e Ctrl
V
Havia muito pra se ler antes de escrever
Em folha dupla de papel almaço pautado
Escrevia-se, o que fora na BARSA,
pesquisado.
“Nesa” ...
Sempre com muita calma, gentileza e
solicitude
Ajudou a enriquecer os conhecimentos de
toda uma juventude.
Taiobeiras, quem a conheceu ainda
te reconhece!
A Casa Legislativa, casa das Leis de
hoje
Por ironia, já fora casa de outras leis
um dia...
Lei do 38, dos revólveres de Keoma de
Franco Nero
Filmes de Faroeste, assistidos com muita
euforia
Shaolin, Bruce Lee mestres do Karatê...
Do inesquecível e épico filme de
Papillon
Ao imenso rosto de King Kong
Projetados na grande tela do Cine
Trianon.
Iracema a virgem dos lábios de mel
Filme censurado, dia de cinema lotado
Fila comprida, que descia pela Avenida
Mas nem todos tiveram a mesma liberdade
Bar Amor e Cana, Bar The Doors e Bar do
Clerão
Um papo com a rapaziada e assunto pra
conversar
Brisa Bar, Aranha’s Bar, Pilão Bar, Ney
Jeep’s Bar.
Pra uma balada ou uma noite mais
esticada:
Boates Penumbra, Cabana, Tô Marron, Skinão
e Jaqueira
Por do Sol...
Onde se podia começar apreciando o sol
se pôr
E se estender até ao nascer, já quando a
noite se for
Sempre ao som dos Colares no cavaquinho
e violão
Som Colares, Milton Colares
E ainda Edmilson Colares na percussão.
As lembranças tecem a história
E se a linha do tempo lhe falsear
A Internet ajuda no resgate da memória
Navegue em www.taiobeiras
Lá tem lembranças desde as primeiras
Até as derradeiras...
Apesar das amizades virtuais,
Apesar da correria do dia a dia
As velhas amizades, permanecem atuais
Devido aos vários caminhos seguidos
A distância não os fazem esquecidos
Mas em festivos dias de Maio e dezembro
As amizades se refazem, o elo se fortalece
De quem se conheceu e ainda se conhece.